martes, 21 de septiembre de 2010

Un día de personaje de Almodóvar

Este texto inaugural é na verdade um e-mail que mandei para alguns amigos sedentos de notícias sobre o meu primeiro dia aqui "en la capital tan preciosa de España".Uma aventura pequena dentro desta que parece ser a grande aventura da minha vida. Achei a história divertida, resolvi postar. Quem sabe você não se diverte também?
"Bom, o meu day two Madrid está começando, são 8.35 da manhã e vocês ainda estão dormindo aí na terrinha (ou deveriam estar). Estou tomando capuccino com leite de vaquinhas espanholas que comprei ontem no supermercado do corte inglés e olhando pra um poster do Guggenhein que a minha flatmate pôs aqui na sala porque pra minha inveja, lá é a terrinha dela.

Vejam só o que aconteceu ontem.
Após 10 horas de vôo tranqüilo - porém sleepless - aterrisamos em Madrid pontualmente ao meio dia. Nunca tinha vivido a experiência chata (!!!!!) que é viajar sem conhecer absolutamente ninguém no avião. Fiquei aborrecida, assisti 3 filmes, não consegui dormir mais que meia hora porque ficava preocupada com a bagagem de mão que tinha documentos, computador, ipod.... sem contar que as pessoas vêem que você está sozinha e ficam pedindo pra trocar de lugar porque querem sentar com a esposa, o velhinho tem que ficar no corredor por causa do joelho... ah, gente, se é tão importante porque não fazem o check in mais cedo?

Bem, tentei ir o mais rápido possível lá no aeroporto, saí rápido do avião, peguei as malas e corri em busca de um táxi. Quando entrei no táxi já eram 10 pra uma e eu tinha que estar aqui na porta (da minha nova casa) até as 13.30 porque, de acordo com a informação que tinha recebido, este era o horário que el portero saía pro almoço/siesta dele para só voltar bem mais tarde. Pois bem, o trânsito é maravilhoso em Madri e chegamos em 20 minutos (uma e dez). O taxista descarregou minhas malas e "muy pronto" picou a mula. Eu tocando a campainha e nada... bati palmas, gritei "HOLA" e... nada. Chegou um cara de boina com um pitbull, entrou, me ignorou (ainda bem que o cachorro me ignorou também) e quando perguntei do porteiro falou "Ah, ele deve ter saído almoçar. Não sei de nada.". Quando perguntei se tinha um telefone aqui perto ele me apontou o final da rua e disse "Pra lá tem". Então tá, né?
Me deu vontade de sentar em cima das malas e esperar até as 4 ou sei lá que horas o porteiro
voltaria. Mas não. Desajeitadamente comecei a andar com uma bolsa e uma mala de mão de 6 quilos penduradas uma em cada braço e puxando mais duas malas, uma de 16k e a outra de 29k. Mais um casaco. SEM RUMO. Imaginem a cena. Era tão patético que eu não conseguia nem chorar e tinha que parar a cada 3 metros pq o peso era muito. Por sorte (sorte????) estava muito perto da Calle de Goya então acabei não andando muito assim, só uma quadra (que demorou 15 minutos nas minhas condições). Chegando lá, nada de telefone, mas haviam táxis. Me arrastei até a beirada da calçada me sentindo personagem da música "Um elefante incomoda muita gente..." e chamei um táxi. Quando o taxista parou, um senhor de 50 a 60 anos já, expliquei pra ele "yo lo que necesito es que usted me lleve a calle Sagasta (por sorte tinha o endereço do trabalho de uma das meninas) para que busque unas llaves y me traiga aquí en la calle de Espartinas otra vez. Vale?". Ele fez uma
cara de "QUÉ????" mas disse "Sí, lo que necesite".
Chegando lá não podíamos parar o carro na frente do prédio onde trabalha a Esther. (sorrisos) Ele parou na esquina e disse que eu podia ir que ele ia ficar me esperando traqüilo. Imaginem, 50 quilos de bagagem minha no porta malas e eu tendo que largar lá porque não havia jeito de avisar a "chica" que eu tava lá na frente. Segurei a medalhinha de nossa senhora que era da minha tia Esperanza (nome mais propício do mundo!)e tentei ao máximo deixar a brasileiríssima desconfiança nossa de cada dia pra lá. Entrei no prédio de onde não dava pra ver o táxi, pedi para o porteiro (este estava trabalhando!!!!!) chamar a Esther. Ela desceu em uns minutos e me deu as chaves e como o que eu mais precisava naquele momento era de banho, falei com ela rapidamente peguei as chaves e saí correndo. O táxi ainda estava lá, na esquina com o pisca alerta ligado. Que vontade de abraçar o taxista!!!
Bom esse foi o clímax na verdade, daí tudo melhora.... Ele me deixou aqui, eu disse que ele não fazia idéia do quanto tinha me ajudado e agradeci muito mas ele disse "No, no. Lo que necesites...", como quem diz "só fiz meu trabalho".

Finalmente entrei no prédio que tem saguão de filme de Almodóvar (Atame) como provavelmente todos os prédios em Madri. Subi. A porta do apto é gigante e... acolchoada por dentro!!!. Chegando aqui as meninas tinham deixado mensagens "Bienvenida", "Mucha suerte" nas portas. É realmente grande, luminoso. Me senti bem.

Tomei um banho finalmente - o chuveiro é uma duchinha que a gente tem que ficar segurando ao invés de uma cascata que fica caindo constantemente na nossa cabeça, mas nessa altura do campeonato, estava feliz com um teto, malas guardadas, água quente e sabão. Saí atrás de telefone porque já estava na Espanha há 3 horas (pareciam 20) e ninguém sabia ainda do meu paradeiro. Voltei pra calle Goya e achei o "El corte inglés". Comprei um cartão liguei pra minha mãe, vi docerias incríveis pelo caminho e acabei comendo um sanduíche de jamón na padaria do corte iglés mesmo. Paguei 2,60 numa baguete cheia jamón, e foi genial porque tava já AZUL de tanta fome. Passei no mercado, comprei lençol, comida e voltei com bastante peso as 4 quadras entre o corte inglés e a minha casa. Pensei, vou deixar as sacolas e andar mais um pouco, telefonar, mas quem disse que agüentei?
Quando estiquei o lençol não demorou dois segundos pra cair em cima dele. eram umas 4.30. Acordei as 8 e logo chegou a Itzi, minha outra flatmate. Elas foram muito legais comigo, comemos juntas a noite, cada uma contribuiu com uma parte no jantar. Comemos omelete, salada de atum com tomate, truta defumada e batata chips.
Mas meus braços estão doendo até agora. Um deles, descobri hoje, tem um hematoma.

4 comentarios:

  1. Parece até história de filme, muiiito bom! Imaginei cada segundo das cenas...vc toda lady carregando essas malonas hahahaha No final deve ter sido muito divertido mas eu não sei o que faria na sua situação!
    E dá-lhe Gelol nesse braço...do jeitinho bem brasileiro! Será que tem aí??
    ¡Mucha Suerte!

    Luiz

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  2. Puxa... que primeiro dia agitado hein... rs. Espero que melhore daqui pra frente.. muito... rs. Sorte aí Raquel... até mais.

    ps: Fábio, marido da Natlia.. rs.

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  3. Claro que lembrava Fabio!

    Toda lady? Hahaha, obrigada pela parte que me toca, Luiz. Mas aquela cena não tinha nada de lady

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  4. nossa, que aventura logo de cara heim! hehehe...
    mas assim que é bom, aí vc vai juntando experiências e muitas histórias pra contar! :)
    aproveite muito aí!!! bjos

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