jueves, 3 de marzo de 2011

The London Saga Part 2 - the plane crash likeliness

Acabei demorando uns 5 dias mais do que esperava pra escrever o fim da história.... Espero que vocês ainda queiram saber o final.
Bem.... estavamos em Heathrow, não é mesmo? Sem bilhete de volta. E sem saber o que fazer. Ouço um alerta de mensagem. Pego o celular... a bateria estava acabando. Antes de ficar incomunicável, resolvo mandar um e-mail pra minha mãe, não sei exatamente porque. Achei que ela deveria saber o que estava se passando na eventualidade de acontecer alguma coisa e eu desaparecer do mapa. Pensei que deveria assustá-la o menos possível, mas acredito que acabei escrevendo algo como "completamente desesperada". E além disso atualizei meu perfil no facebook dizendo que havia perdido o vôo... o que é francamente bizarro, mas na hora me fez sentir mais segura. As coisas catastróficas que passam pela nossa cabeça quando estamos totalmente desesperados.
Enfim, depois de ser informada pela amável assistente de informações, que estava començando a ficar de mal-humor porque eu estava deliberadamente interrompendo a conversa dela, que de Heathrow apenas saiam vôos vips (leia-se que companhias low cost - que não iriam me cobrar 600 libras num bilhete pra Madri - não operam aí), tive que sair em busca de internet. Ela me apontou a escada rolante. Não sabia direito pra onde ir, o que procurar, como respirar. Pensava nas pessoas felizes que estavam esperando no portão de embarque naquele mesmo momento e eu sem saber quanto iria ter que desembolsar nessa patetada.
Achei o locutório. Era self service. Você colocava 1 libra e o computador te dava 20 minutos de internet. Em 20 minutos tive que fazer pesquisa de preço em 4 sites de linhas aéreas (ryanair, easyjet, e-dreams e aireuropa), reservar o bilhete que era mais barato, prestar atenção em todos os detalhes e ainda colocar os dados do meu cartão de crédito em um computador público. Não foi legal. Tentava pensar que o importante era sair de Londres. Aos 17 minutos, bilhete comprado. Tirei uma foto da tela do computador só pra ter registrado o número de reserva. Estava sem bateria no cel, não tinha caneta. Easyjet, às 19.05. Eram mais ou menos 14.30, e tinha que me transladar até o aeroporto de Gatwick. Imaginei que não iria demorar mais que 2 horas pra chegar lá... Ha!
O bilhete do ônibus expresso eram 22 libras. Achei caro, dadas as circunstâncias. Fui até o metrô. Expliquei o que necessitava. Fui atendida por um indiano. Me explicou que tinha de metrô até Victoria Station. De lá, pegar o trem que ia diretamente a Gatwick. Me vendeu um bilhete combinado. Por fim, Victoria Station, depois de 45 minutos amargando e pensando no meu vôo que estava já nos ares, rumo a Madri. Busco o trem pra Gatwick. Na entrada outro indiano me diz que meu bilhete não servia para aquele trem. Achei que era piada. Ele disse que eu deveria conversar no guichê. Lá fui eu, com o terceiro indiano. Ele confimou que o bilhete era para um outro trem que saia de London Bridge. Diante da minha exasperação ele buscou o jeito mais fácil de ajudar. Disse que eu podia comprar um bilhete de um dos trens que saiam dali e ir até East Croydon. Dali, pegar finalmente o trem para o qual meu bilhete era válido. E (quem sabe???) chegar ao aeroporto de Gatwick. Me explicou o que tinha que fazer. Eu olhei para ele (com uma expressão tresloucada, imagino) e perguntei "ARE YOU SURE?". Ele respondeu que sim, pegou um papel e uma caneta e anotou. "Olha está aqui, anotei pra você."
Aquele papel não ia fazer a menor diferença se ele estivesse equivocado, mas diante do erro do primeiro atendente, ele tentava fazer com que eu confiasse na informação. Subi no trem pra East Croydon... Sem saber quanto ia demorar, por quantas estações ia passar. A perspectiva de perder um segundo vôo era aterradora e eu tinha vontade de fechar os olhos e gritar. No alto falante do trem anunciavam que o trem ia se dividir a partir de tal lugar, e eu ficava rezando pra que minha estação fosse antes disso. Depois de 20 minutos passamos pela primeira estação.... não era East Croydon. Seguimos. Casinhas, campos, riachos, coisinhas inglesas. Próxima estação East Croydon. Saio do trem. Para minha frustração a estação é gigante, com umas 10 plataformas. Qual seria a minha?  Já pássavamos das 16.30.  Ando desnorteada algum tempo até encontrar uma funcionária da estação. A primeira brit em horas. Um sotaque que parecia escocês. Vomito minha história com os trens. Ela calmamente diz "É realmente esse trem não sai de Victoria... sai de London  Bridge.", pausa dramática - "Aqui passa por esta plataforma (apontou pra plataforma à nossa direita)."
Depois de uns 5 minutos o famigerado trem parou na plataforma. Eu outra vez, sem saber quanto ia demorar, podia ser uma viagem de 15 minutos ou de 2 horas. Ansiedade, ansiedade, algumas estações, campos, casinhas, chaminés, ansiedade, outra estação, campo, bosque, Gatwick. Por fim. Eram quase 18. Saí correndo do trem, entrei correndo no aeroporto e pra minha sorte o check in da easyjet estava montado bem na entrada. Outro indiano, simpático.
Vou para o embarque. Passo no raio X e adivinha? Minha mochila apitou. "Você tem líquidos na sua mochila?". Respondo que sim, mas tudo inferior aos 100 ml permitidos. "Estão no saquinho plástico?". Digo que não. "Ah, por isso. Mas agora sua mala terá que ser revistada". Esperei no cantinho uma mulher que abriu minha mala passou um detector de metal pediu que colocasse os líquidos no maldito saquinho e me liberou.
Pronto. Estava lá dentro, pronta pra decolar. Só precisava descobrir o portão, porque em Gatwick eles não informam na passagem. Olho o painel. "Madrid 19.05 - delayed to 21.05". Duas horas de atraso. Fui ao banheiro, lavei o rosto, escovei os dentes - duas vezes. Voltei ao saguão, pûs a mochila no chão e notei (o óbvio) que o carregador do meu celular não era compatível com as tomadas inglesas. Estive imóvel por alguns minutos. E depois tive uma crise de choro violenta. Estava convencida que o avião ia cair, ou que o outro avião que tinha perdido ia cair, que aquele definitivamente não era um dia para voar. Quando estava prestes a desistir pra sempre da Inglaterra, uma senhora que passava se deteve. Me olhou e disse, com aquele jeitinho meigo dos velhinhos que haviam tirado a minha foto dias antes "Você está bem querida?". Eu, sem conseguir parar de chorar disse que sim. Ela me olhou com peninha e perguntou "Tem certeza?". Parei de chorar um instante e agradeci sorrindo o quanto podia... "Só estou tendo um dia difícil. Mas já está melhorando.". Ela sorriu de volta dizendo "Melhor assim." e se despediu.
O vôo foi uma tortura, estava realmente paranóica. Olhava para os lados para me certificar que ninguém estava usando aparatos eletrônicos que pudessem interferir com o sistema de navegação.Todos pareciam potenciais terroristas: o cara de turbante, o inglês ao meu lado que lia um livro sobre a Iugoslávia, o casal espanhol com uma filhinha chinesa de uns 5 anos e a aeromoça Patrocinio. Tentei dormir o máximo possível e tirar tanta abobrinha da cabeça, mas era difícil relaxar. O avião deu umas tremidas fortes. Entrei silenciosamente em pânico. O piloto avisa que vamos a entrar em uma zona de turbulência... não ajudou muito. No fim, durante toda a "zona de turbulência" o avião não deu um chacoalhão sequer.

Aterrisagem à meia noite em ponto. Me lembro de estar na porta do aeroporto de Madri esperando o ônibus expresso que vai do aeroporto ao centro.... amava a Espanha, Madri, o aeroporto de Barajas, o sistema de transporte prático e fácil, amava o ar madrileño e fato de estar em casa. Em casa. Percebi o quanto a gente se apega. Achava que eu só podia me sentir assim no Brasil, no aeroporto de Guarulhos, rumo à Nina Rodrigues. Enfim.
Só pra constar, Londres vale e valeu a pena. E voltarei sempre que puder. Bem mais cuidadosa com a pontualidade, como uma boa inglesa.

2 comentarios:

  1. Até eu fiquei desesperado com a sua narrativa. Perder vôo ou ter o vôo cancelado não é legal...isso aconteceu comigo em Barajas! :(
    Neve pra todo lado, as estradas fechadas, aeroporto fechado e eu sem hotel pra ficar. Volto eu na neve cheio de malas procurando hotel...que caos!!

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  2. Que U-Ó! Só pra ser solidária: na volta de NY, devido ao mau tempo em SP, o avião pousou em Viracopos-Campinas. Ficamos 5 horas (!!!) dentro do avião, não tínhamos autorização para desembarcar. As aeromoças panamenhas fizeram de tudo para nos torturar e imagine só o barraco que as brasileiras fizeram... Calor, fome, sede, incômodos de todos os tipos. Mas hoje é só mais uma história pra contar.

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