domingo, 20 de febrero de 2011

The London Saga Part 1 - the Carol Beer effect

Duas semanas. Foi o tempo que levou pra eu parar de ter calafrios, palpitações e flashbacks de pânico do meu último dia en Londres. E portanto, o tempo que levou pra eu conseguir voltar a escrever.
Antes de entrar nos detalhes sórdidos, no entanto, não posso deixar de dizer o quanto eu gosto desta cidade. Minha breve impressão de 4 anos atrás se confirmou. Londres é bonita, pitoresca, cosmopolita e muito fotogênica - apesar do chuvisco constante. Tudo vale.... até um cara vestido em lycra roxa (da cabeça aos pés) e paletó marrom andando displicentemente pelas ruazinhas atrás de Westminster Abbey. Na calçada do palácio de Buckingham um aviso, prova da conhecida boa educação britânica: "criminosos, cuidado: policiais à paisana estão trabalhando neste local". Poxa, até abri minha bolsa pra tirar a máquina fotográfica, sem medo de ser feliz!

Não vou dizer que não foi surpreendente (tá bom, admito, um pouco decepcionante) descobrir que eu falava em inglês melhor que muitas das pessoas que me atenderam em restaurantes, estações e lojas. Entrar num ônibus às 18 é uma experiência alucinante. Cada canto do veículo é um foco lingüístico diferente (alguns reconhecíveis, outros nem em sonho). Acho que nem o condutor falava inglês. Mas e os britânicos? -me perguntava eu - Cadê? Bom além do agente de imigração que me disse "Welcome to England!" no melhor sotaque londrino quando cheguei, só encontrei mais exemplares no dia seguinte. Mas que exemplares! Sabe quando queremos tirar uma foto e ficamos olhando ao redor procurando a pessoa mais simpática pra pedir. Pois é, nesse caso os mais simpáticos eram um casal de velhinhos mais British que o próprio big ben. Não só eles pareciam simpáticos, mas foram uns amores, se dispuseram prontamente a tirar a foto e fizeram piadinhas no melhor estilo "brit-naive", o que deixou minha amiga e eu encantadas.

E assim transcorreram 2 dias, entre pontos turísticos, caminhadas, muito tempo gasto no famoso "commuting" (ir de um lugar ao outro demora muito mais em Londres que em Madri, por exemplo) e feiras de rua. Destas últimas, a de Notting Hill é um must. O problema é que ainda me faltavam a Tate e o Globe Theatre (pra quem não sabe este último é uma réplica do teatro onde Shakespeare encenava suas peças. Como meu vôo era às 14.30, acordei cedo e, calculando o tempo (lembrava quanto tinha demorado o trem do aeroporto até o centro) fiz essas duas visitas. Saí e fui o mais rápido que pude para o metro mais próximo. O trem demorou quase meia hora mais do que tinha demorado na vinda. Cheguei a heathrow em cima da hora. Corri para o stand da Ibéria. "Esse vôo não é nosso. Você tem que ir até a British airways. O vôo é deles". Corro para a British. "O check já fechou há 5 minutos. Você não pode pegar o vôo.". Alguma resposta exasperada e sem ar de quem acabou de levar um soco no estômago. "O problema é seu. Quem mandou chegar tarde?". Alguma outra resposta, algo com as palavras "pelo amor de deus" e "corro até o portão de embarque". Outra negativa. Sou enviada pro stand da Ibéria outra vez, afinal comprei a passagem deles. "Ah, não posso fazer nada. Você deveria ter pedido a troca de bilhetes ontem.". Se não estivesse tudo rodando ao meu redor provavelmente teria respondido "Jura? Poxa, não programei direito meu atraso, né?". Peço que ela tente me colocar no vôo seguinte. Ela calmamente me informa que a passagem pro vôo seguinte custa 600 libras. Eu pergunto "PRA MADRI?". Ela me olha com uma cara desperezível de blazé. "Vou ver o que posso fazer por você.". Me diz na maior cara dura "Serve um vôo pra Bilbao?" . Eu respondo, já começando a ficar furiosa porque ao invés de estar perdendo essse tempo ridículo com esse diálogo insano a la Carol Beer do seriado Little Britain (aquela atendente que só responde "computer says noooo.."), eu poderia estar pegando o meu vôo: "Óbvio que não serve Bilbao! Que raios eu vou fazer em Bilbao? Eu moro em Madri!!!!!". "Ah, então busque a easyjet". Já com lágrimas nos olhos e o maior desespero de toda a minha vida chego no stand de informações, pergunto pela easyjet e pela Ryanair. "Esse aeroporto é só pra vôos caros. Não sai nenhum desses vôos aqui. Você terá que comprar pela internet."

Essa é uma história muito comprida, cheia de reviravoltas.... Esta foi apenas a primeira parte. Voltarei no próximo post com o resto da história. Estive a ponto de roer minhas unhas umas 5 vezes, enquanto escrevia. Prometo não demorar tanto para escrever o final, assim se houver algum masoquista curioso, não sofrerá muito.

5 comentarios:

  1. Eu quero saber o resto da história!! Tudo bem que o fim eu já sei: vc chegou em Madri safe and sound.
    Estava com saudades dos seus posts, Rach!

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  2. hahahaha muito bom!
    Estou esperando pelo final!

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  3. Pô, deixar a gente sem a outra metade é sacanagem ! =)

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  4. Folhetim em blog agora Raquel?? hahaha

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  5. Passei por algo beeeeem parecido na rodoviária de Madri...

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